quarta-feira, 27 de julho de 2011

CRÔNICA DE UMA CIDADE



– Itabuna, 101 Anos

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por Antonio Nahud Júnior
 


À margem da consciência e sem identidade cultural, a mais recente geração de itabunenses não se interessa por arte, educação e cultura, habitando plena e exclusivamente o presente e seus modismos globalizados, em conformidade com valores considerados como superiores e banalizados modelos de comportamento ofertados pela sociedade. Como na vida nem sempre temos capacidade de escolher livremente nossa via, esse nativo, indiferente à autonomia e à independência, absorveu o bombardeado manipulador da mídia que glorifica o descartável: politicagens de grupos fraudulentos que iludem o povo, crimes ligados ao tráfico de drogas e trágicos acidentes de trânsito que só interessam aos envolvidos e seus familiares. É lamentável. Sem história, sem memória, sem incentivo aos seus artistas, vive-se em Itabuna num universo impessoal, vazio e sombrio. Talvez seja uma maldição perpetuada pelas vítimas dos tiranos coronéis do cacau. Além disso, o nome da cidade é derivado dos termos em tupi, ita (pedra), aba (imediações, arredores) e una (preta), significando "lugar de pedra(s) preta(s)", ou seja, desta origem poética chegamos ao reinado do crack, da “pedra”, que por sinal é preta. Assim, aos 101 anos, seus habitantes estão reféns de toscos shows musicais, escravos de abomináveis festanças de feiosas camisas sintéticas, figurantes de bares baratos e de um inócuo shopping center como opção de lazer. Não é à toa que o poeta Telmo Padilha intitulou um dos seus livros como “Canto de Amor e Ódio a Itabuna”.
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Um comentário:

Betto Eça disse...

Júnior meu querido amigo, seu texto é a realidade crua de nossa comunidade.
Parabens.
Um forte abraço.