terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O SEQUESTRO DA EMOÇÃO.


Por/ Richard B Silveira
Quantas vezes convivemos com pessoas que possuem pseudo-sentimentos, pessoas que sofrem, mas camuflam seus sentimentos, se prendem em personagens e vivem a vida como um ensaio, esses personagens podem até se tornar belos exemplares exteriormente, mas por dentro sofrem uma tortura como um castigo perpetuo.
Muitas vezes nos tornamos presas fáceis para seqüestradores de sentimentos, como quando perdemos um grande amor, nosso coração criou uma lacuna que precisa ser preenchida, é daí que surgem os aproveitadores, ou melhor, os seqüestradores de sentimentos, pessoas que no momento certo falam coisas que alegram nosso coração, coisas que queremos ouvir, palavras belas e gestos “nobres”, palavras belas porém sem sentimentos, gestos mecânicos, bem como cobras prontas para dar o bote. Quando abrimos nossas vidas para essas pessoas, elas se apoderam de tudo, até mesmo de nossos sentimentos, nos fazendo reféns daquilo que bem querem, tornamo-nos uma felicidade presa, uma sorriso forçado e um sofrimento pronto para soltar um grito de socorro.
Convivemos com esses seqüestradores por muito tempo, no início é certo que sejam pessoas carinhosas e compreensivas com o momento de tristeza que estamos passando, porém, no decorrer do convívio vamos descobrir farsantes que querem se aproveitar de nosso corpo como máquina de prazer e nossos sentimentos como vitrine de si mesmos, tornamo-nos meros objetos de amostragem onde o sorriso é o medidor de satisfação. Alguns ainda levam esse seqüestro adiante pelo fato de acreditar na mudança, mas, a mudança pode ser para pior, onde o seqüestrador de seus sentimentos pode querer se tornar dono também de você como pessoa humana, seu dono como um todo, achando que todos que se aproximam de você devem ser pessoas que querem ter seu corpo bem como ele quer, para aproveitar, nunca levando em consideração que o amor verdadeiro deixa a pessoa amada livre, livre para tomar suas decisões.
Uma das grandes conseqüências do seqüestro dos sentimentos é a mudança repentina de comportamento, para com os familiares e amigos, seus amigos se distanciam para não te fazer sofrer mais, pois o seqüestrador os vê como “concorrentes” em potencial, sua família começa a te observar de uma forma diferente, com um olhar de compaixão, pois quem te ama de verdade presencia seu sofrimento mesmo que escondido, sofrendo também.
Quando damos por nós mesmos a força que essa prisão exerce em nós é tão grande que por vezes é tarde demais, pode já haver a consumação do amor, ou mesmo o enlace das almas, tornando-os prisioneiros eternos desse seqüestro camuflado de relacionamento, buscaremos em ruas e becos uma forma de liberdade, porque viver já se tornou uma fantasia utópica, uma vida mascarada na hipocrisia, sorrisos repletos de dor, a imaginação tenta fazer do cotidiano algo que se possa suportar, mas a realidade dá um tapa nessas alegorias mostrando o quanto nossas decisões são importantes e o quanto
um outro se torna essencial para nossa alegria ou nossa dor. Porém, quando ainda não nos aliançamos com nossos seqüestradores ainda á tempo para o tempo trabalhar, os fatos cotidianos e as forças temporais trabalham para desmascarar nossos falsos amores, mostrando cada vez mais rápido que não é tarde para viver melhor.
É na força de vontade da mudança que encontramos pessoas que nos resgatam desses cativeiros sentimentais, por vezes tentamos nos refugiar em outros personagens, onde tentamos esconder nosso amor e nossa vontade de seguir em frente, na revolta do não-amor passado, não compreendendo que as águas passadas não movem mais os moinhos do nosso coração, nessa transição nosso coração se esquece que é verdadeiramente repleto de sentimentos, torna-se um coração acorrentado, presente no corpo, mas ausente na alma, queremos de qualquer forma suprir aquilo que vivemos de forma descontrolada com diversas formas de prazer momentâneo.
Entretanto, é nessas buscas e desencontros que encontramos alguém que realmente cultiva algo por nós, não compaixão pelo momento, muito menos medo pelo que passou, mas, um amor verdadeiro, um sentimento mesclado de vontade de fazer tudo diferente e mostrar o verdadeiro amor para alguém que quase perdeu a esperança de novamente ser feliz, e da outra parte recebe também um mesclar de sentimentos, o medo de nova experiências e a vontade de estar sempre livre para aventurar-se em vão, é na persistência de nosso “resgatante” que encontramos realmente seus sentimentos, seus verdadeiros sentimentos, pessoa com palavras que nos fazem abrir os olhos e enxergar o que ainda podemos ser, e nos fazer esquecer de tudo que passou nos dando esperança para o futuro e prazer de um amor verdadeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal, mais um nome estrelando no cenário da literatura Grapiúna!